O HQRROR!

Por TIO ALGARDEENN


Monstros, fantasmas, assassinos psicóticos, cientistas loucos… Se você é fascinado por alguma dessas figuras e acha que essa é uma exclusividade sua, pode esquecer. Esses caras foram os maiores astros das histórias em quadrinhos por muito tempo. Ficou curioso? Então vamos exumar essa história…

 

Num surto de desespero, a babá correu desesperadamente pela casa, derrubando porta-retratos, vasos e todo o tipo de decoração que estivesse em seu caminho. Enquanto subia as escadas, flashes da cena horrorizante que presenciara há instantes alternavam-se com o desejo de que Laura e Tom chegassem. No alto, percebeu que não estava mais sendo seguida e disparou em direção à porta no final do corredor, que trancou imediatamente após alcançá-la. Seu coração continuava acelerado, pois ela sentia que não estava segura, então, subitamente, as luzes apagaram e o quadro ficou todo escuro. Escuro mesmo… Ah, sim. Não está errado, você leu quadro, é isso mesmo. Esta não é uma história de terror, é uma história em quadrinhos de terror.

 

Tales from the Crypt #24

Capa de Tales from the Crypt #24, ilustrada por Al Feldstein.

Embora esse não seja um dos gêneros mais populares de quadrinhos atualmente, as HQs de terror e horror (não é a mesma coisa, o primeiro trata daquelas coisas assustadoras, mais mundanas, o último das sobrenaturais e fantásticas!) foram um verdadeiro fenômeno numa época em que os gibis (aquelas revistinhas em quadrinhos antigas que você já deve ter encontrado na casa dos seus pais ou dos seus avós) reinavam entre as formas de entretenimento. Naquele tempo, jovens e crianças tinham uma diversidade enorme de contos de assassinatos, vampiros, lobisomens e muitos outros casos bizarros semanalmente à sua disposição nas bancas. A coisa era tão legal, digo, o número de revistas era tão alto, que alguns quadrinistas se tornaram mestres nesse gênero, como Archie Goodwin (1937–1998), Johnny Craig (1926–2001) e Graham Ingels (1905–1991).

 

Mas pode acreditar: apesar de toda essa popularidade, a vida dessas HQs de terror não foi nenhum conto de fadas em quadrinhos. Enquanto os leitores procuravam cada vez mais por histórias de causar pesadelos, um grupo de pessoas acusava os quadrinhos de criar uma legião de delinquentes juvenis e tirava o sono de autores e editores. Para se ter uma ideia de como a coisa ficou feia, em 1954, o livro Seduction of the Innocent, do psiquiatra e arqui-inimigo dos quadrinhos Fredric Wertham, apresentou uma ampla pesquisa que comprovava (não me perguntem como) que jovens criminosos foram estimulados a cometer seus delitos pelas histórias em quadrinhos. A partir daí, foi uma comoção geral, mais ninguém confiava nas HQs. Nos Estados Unidos, o país mais tradicional em se tratando de produção e comercialização de quadrinhos, o único jeito de acalmar as pessoas foi a elaboração de um código de conduta, o Comics Code, que restringisse certos “abusos”, como cabeças decepadas nas capas das HQs. Época difícil aquela.

 

Crime SuspenStories

Com o Comics Code, obras-primas como essa capa de Johnny Craig ficaram, infelizmente, proibidas.

Hoje em dia, as coisas ficaram muito mais fáceis para quem gosta de uma boa e assustadora história em quadrinhos. A marcação cerrada acabou, as pessoas entenderam que as histórias em quadrinhos não são tão malvadas quanto os monstros que aparecem em suas páginas e tudo parece bem. De fato, não temos tantas revistas como tivemos umas décadas atrás, mas ainda é possível encontrar representantes de peso em bancas e livrarias por todo o país. É o caso do famoso The Walking Dead (Os Mortos Vivos, por aqui), que já ganhou até seriado de televisão e fez o orgulho do pessoal por aqui, no andar de baixo. E aproveitando o assunto, aí vai uma notícia tão fresquinha que nem deu tempo de o cadáver esfriar: acabou de ser publicada pela Gal Editora Zumbis – Mundo dos mortos, com histórias dessas figuras tão carismáticas que estão na moda de uns tempos pra cá, tudo graças ao nosso São George (Romero).

 

Para encerrar nossa conversa por hoje, vou deixar uma dica pessoal de história em quadrinhos que faz minha cabeça pirar e também já teve seu momento de estrela. Não se trata de nada menos do que a série 30 Days of Night, carinhosamente chamada no Brasil exatamente do mesmo jeito, só que em português (30 Dias de Noite, o que você achava?). Imagine só, passar vários dias em meio a uma horda de vampiros faminta sem poder contar com a luz do dia para fazê-los parar de correr atrás de você. Hehe, só de pensar já fico entusiasmado!

 

Zumbis: mundo dos mortos 30 Days of Night: Return to Barrow

À esquerda: capa de Zumbis – Mundo dos mortos, publicado esse mês pela editora Gal. À direita: capa de 30 Days of Night – Return to Barrow, um dos títulos da série sobre vampiros.

 

Bom, era só isso que tínhamos para conversar hoje, amigão. Agora, vamos fazer um acordo, certo? Assim que você terminar de ler este artigo, você vai atrás de uma HQ bem aterrorizante e vai ler em homenagem a essa data tão importante que acontece todo ano, no último dia de outubro: o aniversário do nosso eterno xerifão Dunga! Hehehehehe… Te peguei. O negócio é o seguinte: segunda-feira, dia 31, faça as suas homenagens ao Halloween e não deixe de ler uma boa história em quadrinhos de terror. A propósito, comece já e trate de deixar um comentário com sugestões de HQs, filmes, livros e o que mais vier à sua cabeça que faça gelar a espinha! Mas se você não escrever pra gente, não tem problema, um dia desses eu darei uma passadinha aí pela sua casa para perguntar pessoalmente e não vai adiantar trancar a porta e as janelas, hehehe…






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